O STRESS: FASES, SINTOMAS E TRATAMENTO
Por Carolina Borges-IPCS SP
Atualmente ouvimos muito falar sobre stress, que as pessoas estão estressadas, que o trânsito da cidade estressa, porém é importante salientarmos que o stress não é somente "vilão" na atualidade.
O stress faz parte do ser humano, ele começa a ocorrrer antes de nascermos e nos acompanha por toda a vida, nos auxiliando a sobreviver.
É uma reação do organismo frente a uma situação, que pode ser boa ou má, e que exige uma adaptação, um esforço maior do que se está habituado a realizar. Esta reação ocorre à partir da relação do ser humano com o ambiente à sua volta e a maneira como o interpreta e significa.
Mas como de fato o stresse acontece?
Frente a uma situação boa ou má, o organismo se prepara para lutar ou fugir, dando sinais de seu bom funcionamento fisiológico.Há um aumento no ritmo cardíaco e respiratório, aumento da tensão muscular, uma grande liberação de adrenalina e cortisol, que são substâncias úteis para a proteção e enfrentamento do agente estressor.
No entanto, a energia que o organismo utiliza para todas essas mudanças, que chamamos de energia adaptativa, precisa ser recuperada, o corpo precisa retomar o seu equilíbrio.
Quando o ser humano passa muito tempo com níveis altos de cortisol no organismo, tentando proteger-se e enfrentar o estressor é que podem surgir danos à sua saúde.
Os sintomas variam de acordo com a fase de desenvolvimento do stress. A primeira, que chamamos de fase positiva, é a fase de Alerta. Nela, o sujeito prepara-se para a ação, se sente cheio de vigor, energia, é capaz de ficar sem dormir ou comer, a sua musculatura está mais retesada e seu humor mais eufórico e por vezes irritável. No trabalho pode produzir mais e com acentuada criatividade.
Caso o agente estressor seja removido, não há sequelas para o organismo, o corpo volta ao equilíbrio. No entanto, se o agente estressor se mantém, ou uma nova situação surge pode-se entrar na fase onde o organismo tenta resistir ao stress, a fase chamada de Resistência.
Nesta fase há dois sintomas que despertam maior atenção; o canSaço constante e as dificuldades com a memória. No trabalho, a produtividade tem um acentuada queda e a capacidade criativa também diminue, muitas vezes passa-se a falar sobre o mesmo assunto: o cansaço que se sente!
Se for possível eliminar o agente estressor, o processo é interrompido, do contrário o organismo passa a sofrer gradualmente um colapso. A fase que segue é a de Quase Exaustão.
Nesta fase muitas vezes é necessário buscar ajuda médica pois possivelmente um problema físico já surgiu, além do suporte psicológico para aprender a lidar com a fonte estressora. O sistema imunológico começa a sofrer as ações das grandes quantidades de cortisol produzidas.
Em Quase Exaustão, o sujeito é capaz de continuar trabalhando, se divertindo, tomando decisões de forma lúcida, porém já com grande esforço pois a vontade de realizar atividades está muito diminuída e a ansiedade passa a fazer parte do cotidiano.
A última fase, chamada de Exaustão, dificilmente é alcançada, nela o organismo está bastante debilitado. Devido a baixa do sistema imunológico podem surgir doenças físicas graves, infecciosas e/ou contagiantes, como úlceras, pressão alta, psoríase, depressão.
Já não se consegue pensar direito, ter gosto pelas atividades que antes sentia prazer, socializar-se, o sono já não é reparador. No trabalho a concentração fica muito difícil e as decisões são muitas vezes impensadas.
É de extrema importância que se procure ajuda profissional multidisciplinar nesta fase para cuidar das doenças físicas e da saúde mental.
Desta forma, o stress ideal é aquele onde a pessoa consegue através de técnicas de manejo de stress gerenciar a entrada e a saída da fase de alerta.
E como tratar o stress? Sabemos que as fontes de stress podem ser internas e externas. Nos estressores externos há a produção de tensão emocional pela necessidade de lidar com eles. Com a retirada dos mesmos, exemplo: um cão bravo latindo, nosso corpo retoma o equilíbrio.
Já os estressores internos estão associados a forma como percebemos as situações. Frente a um perigo imaginário e um pensamento constante nele, exemplo: "eu não sou inteligente o suficiente para passar no vestibular" o estado de stress permanece, prejudicando desta forma a qualidade de vida.
A terapia cognitiva comportamental é uma abordagem com bastante funcionalidade para casos de stress. O IPCS desenvolveu o Treino Cognitivo de Controle de Stress, que busca auxiliar os seus pacientes a manejar os seus sintomas, buscar estratégias de enfrentamento e reencontrar a homeostase de seu organismo. Quando há o acometimento físico devido a fase adiantada do stress é necessário a procura também de um médico.
Fonte:
Lipp, MEN; Novaes, LE: Conhecer e enfrentar: O Stress. São Paulo, Ed. Contexto. 2003
Lipp, MEN; Malagris, LEN; Novais, LE: Stress ao Longo da Vida. Ícone Editora, São Paulo. 2007